O que nos impede de fazer o nosso melhor?
Tantos projetos começados, tão poucos concluídos. “Quem é esse sabotador de tudo?” O espelho me responde!
Uma falta de produção absurda. E olha que já estão desativadas algumas redes sociais para me dedicar ao que quero.
É um ranço, um espírito ruim, pairando, imobilizando. Algo lá no fundo da mente, implantado pela sociedade, pela família, dizendo: “Não dá. É difícil. Var ser trabalhoso.” Além disso, o mortal, limitante, opressor “Já fizeram antes”. Ou “Você vai passar por ridículo”.
Uma maldição.
Se analisar bem, essas angústias são ótimas para os donos do poder, para “quem faz”. O mundo não suporta tanta gente se realizando, bem sucedida. Alguém tem que servir. Alguém tem que limpar. Alguém tem que ‘perder’.
Sei que há uma nuvem frustrante pairando. Essa crise pessoal de meia idade há de passar. É que há dias que penso e me frustro: não produzi um case de sucesso, nunca compus um hit de verão, não escrevi um livro.
Mas árvore já plantei! E aos dez anos de idade. Um frondoso, exuberante, frutífero abacateiro. Um gigante que quase derrubou o muro de minha antiga casa em Camaçari, na Bahia.

Quem imaginaria, uma simples vitamina de abacate feita por minha mãe, iria resultar naquele monstro incrível, carregado de verdadeiros torpedos verdes. Plantei na surdina a semente na frente de casa. O resto é história: sacos cheios do fruto e diversas telhas quebradas.
Acho que é isso. Não há cases. Não há hits de verão. Mas histórias mil de uma infância e adolescência encantada.
Mas, como fazer histórias pagar contas?
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Gilberto Gil
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar