Fiz um pacto íntimo: escrever algo e publicar todos os dias. É o compromisso. Não faço a menor ideia dos rumos e caminhos deste lugar. Estou “metendo o louco”, como se diz. Se é um hobby sem grande importância ou se é uma possibilidade de rentabilização, também não faço ideia. Mas tenho uma certeza: se tem negócio fadado ao fracasso, esse é o da escrita íntima. Mas quer saber?
Foda-se.
Tem o fator medo, pessoas criticando. Você se percebendo um nulo completo por escrever para ninguém. Ser julgado no campo digital é perturbador. Mas talvez seja pior ainda não alcançar o mínimo de audiência para isso acontecer. Ou seja: há angustias para todos os lados.
Tudo bem, menos drama. Temos que fazer por nós mesmos. Recusar a alimentar o medo e exibir o que se é. Temores crescem vertiginosamente se os alimentamos. Vários mentores do universo do conteúdo não param de repetir: quando não há tempo entre as sessões de escrita, o medo não tem tempo para crescer. Seja na escrita ou qualquer outro ponto que precisamos desenvolver, é só fazer.
Meta a mão neste teclado e vai com tudo. Não seja preguiçoso. Assunto puxa assunto. Palavra puxa palavra. Tal qual músculos, o cérebro vai tomando gosto pela malhação. Há uma certa adrenalina diante da tela limpa e sem caracteres. Criatividade e coçar é só começar.
Esse é meu blog, minha metáfora, minha história, minha riqueza de valor inestimável. Se eu não tiver orgulho desta sombra digital, deste repositório de ideias, quem vai ter? Aqui é minha trincheira libertária contra as redes sociais. É a minha rede. Pago por ela. O conteúdo é somente meu. Tem gente ganhando milhões com os meus tweets mais bobos, minhas fotos mais sem graça no Instagram. Nosso conteúdo, mesmo que consigamos rentabilizar, sempre vai ser a grana de alguém dessas redes sociais. Só eu que não ganho um centavo pelo meu próprio trampo.
Voltando ao assunto: nem tudo o que publicamos na web é necessariamente exibição. Aliás, o que não é? Mesmo a pessoa mais offline do mundo, que escreve livros em máquinas de datilografar, tem a sua cota de vaidade. Mais uma vez, repito:
FODA-SE!

E isso pesa ainda mais quando estamos sob o signo de leão. Tudo bem a exibição, desde de que ela seja real, saudável. Tudo que é real é saudável, e tristeza entra nisso. Acho que aprendemos muito mais com a tristeza do que com a alegria e o glamour.
Há um trecho na Bíblia que fala algo assim: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de tudo, e os vivos o aplicam ao seu coração” (Eclesiastes 7:2 ). Claro, não é uma regra. É para entendermos que nada está seguro, que tudo na vida tem altos e baixos. Diversos textos antigos falam a mesma coisa. Todos os processos da vida são complexos e incrivelmente ricos. Tudo pode se transformar em algo construtivo.
Toda descrição é arte. Aprendi neste livrinho simples e altamente viciante. Ele te incentiva a criar arte a partir do seu dia a dia, por mais “simples” e “sem graça” que seja. Construir um diário, seja ele em áudio, vídeo, escrita ou desenhos (mesmo que não desenhe), é dar significado ao que se vive. É elevar sua existência ao estado da arte.
Passei a observar mais detalhadamente o dia-a-dia. É sim um ótimo recurso para uma vida mais plena.
E é aqui que entra o lance de sair um pouco daqueles casulos digitais onde vivemos a vida editada dos outros. Acorde. Redes sociais espalham ‘epidemia de mal-estar’ pela humanidade. A internet deveria ser alimentada com nossa vida, não o contrário. Anne Helen Petersen, uma jornalista norte-americana, está fazendo um grande trabalho de meio termo entre novas tecnologias e a vida real. O seu “What happens when you subtract the internet” é um caminho saudável a ser seguido.
Saia do virtual. Viva e escreva sobre o que experienciou. Sua vida é um milagre. Uma obra-prima se renovando a cada segundo.