Escrevo nesse momento de um modo engraçado. Quase de cócoras, sentado em uma cadeira de praia.
Mas não estou na praia. Isso é um quarto. Um quarto temporário, cheios de fios invisíveis de significados sobre solidão, pensamentos meditativos e paredes brancas.
Como vim parar aqui? Não interessa. O cerne da questão é o valor do não dito, as coisas escondidas, tudo o mais.
Escrevo quase de cócoras porque não há uma mesa. Não há workstation com setup clean, novo, minimalista. A cadeira praieira é o que tenho para sentar. E o notebook repousa em um sofá-cama-desktop. Pelo menos esse é bem novo. Espuma com cheiro de esperança.
A noite está só um pouco fria. Uma minguante brilha no céu. A cidade finge ser pura para quem a vê das janelinhas dos aviões.
E quase de cócoras, penso no passado. Em possibilidades. Conexões difíceis de realizar na prática. Faltam objetos básicos para a vida ser um pouco melhor. Mas tudo bem. Apoiado sobre os calcanhares, anuncio: nada pode te impedir de manifestar as vibrações que o seu coração manda aos dedos. Nada pode ser maior que os sonhos simples que almeja.
Esqueça o que precisa ser esquecido. Faça. Na melhor cadeira, sobre a melhor mesa, no melhor lugar.
Caso não consiga ser assim, tão bonito para sair na foto, tudo certo também.
Faça do quase cócoras, do sofá-cama-desktop com espuma cheirando a esperança, o caminho que leva para o lugar que merece. Sim, o final você que escolhe. O destino é um conto para crianças dormirem melhor.