Tantos projetos para finalizar e estou aqui paralisado. Que mal sem nome é esse que me toma de assalto justamente quando mais preciso de ação? Que falta de controle é essa que não me deixa ir onde preciso?
Noites mal dormidas? Ansiedades? Desesperança? Isolamento social ou quarentena?
Hoje é um daqueles dias sem fim que nada importante foi produzido?
Vejamos:
Acordei por volta das 8h da manhã. A garganta seca. Adormeci sem ligar o CPAP. Os ouvidos bombardeados pelos sons do centro, da construção de um prédio vizinho, do som metálico das placas de respiração do metrô.
Café com queijo, pão e ovo que me sustentaram até às 13h. Desci e fui no restaurante de sempre, da antiga rua, da antiga vida. Me sinto às vezes revisitando um cenário já passado, voltando a um momento que eu não queria voltar.
Carne e macarrão ao molho pesto. Lembra as lagartinhas esmagadas por minhas pequenas mãos infantis no antigo pé de Erva-Cidreira do quintal.
Não. Não sou psicopata. Na época, era ciência aos meus olhos. Curiosidade sem nojo de ver por dentro como aqueles bichinhos lindos funcionavam.
Depois trabalhei e fiquei cansado acima do normal.
Abri uma nova aba no Chrome e veio a frase no app Momentum:
Life shrinks or expands in proportion to one’s courage.
Anaïs Nin
Coragem é o que exatamente me falta neste dia.
Abri o e-mail e li newsletters. Daí vi esse vídeo incrível da Nowness:
Simulacra é sobre uma gueixa velha relembra os rituais de seu passado. Além de ser visualmente estranho e envolvente, o curta foi inspirado no tratado filosófico de Jean Baudrillard sobre simulação e símbolos, aliado a dança japonesa Butoh.
Lembrei que tenho o livro de memória dele, Cool Memories, se não me engano, o primeiro mesmo. Não sei exatamente onde as ideias de Baudrillard entram no filme mas, que é algo hipnótico e bonito de ser ver, isso realmente é.
Se é para protelar que seja com algo incrível.
Acho que vou continuar lendo “Siga em Frente”, do Austin Kleon. É a coisa mais leve e interessante que consigo consumir nesse momento. E, depois, quem sabe, andar para espantar os demônios da cabeça.
