A primeira vez que pousei meus olhos em Yayoi Kusama foi em 2012, no meu primeiro local de trabalho em São Paulo. Como era uma agência de publicidade, havia certas piadas internas criativas que eu não sabia a razão de ser. E uma delas era uma foto de Kusama na parede.
Aquele olhar duro, questionador, profundo, me fitando todo o tempo. Como trabalhar ali era realmente chato e estressante, foi quase impossível não associar a imagem dela ao momento ruim que passei nos primeiros anos nesta selva de pessoas estranhas.
A associação foi tão profunda, tão traumática, que me recusei a ir na exposição “Obsessão Infinita”, no Instituto Tomie Othake, em 2014.
Tenho esses sentimentos sobre o que não me agrada. E o que estiver por perto vai junto na torrente de ojerizas.
Mas passou.
Resinifiquei sua imagem, seu olhar, sua arte e atualmente ela é só inspiração.
Semana passada, vi o documentário de 2018 “Kusama – Infinity” (no Brasil, Kusama – Redes Infinitas), de Heather Lenz.
Foi o que faltou para compreender mais profundamente seu modo de ver o mundo e, ao mesmo tempo, me dar novas perspectivas sobre demandas pessoais.
Quando fico sem ideias, seco de novas possibilidades, sempre recorro a arte, seja indo a uma exposição, vendo imagens ou conhecendo uma biografia de um artista. É um exercício que revigora o que estava fraco em diversos segmentos da vida.
A produção me inspirou tanto que me moveu a fazer algumas “intervenções artísticas” sobre imagens dela.
Na verdade, uma homenagem calma e terapêutica para Kusama San.








