Sonhei com uma mulher de pele preta, vestida de branco. Uma espécie de arquétipo de Mãe de Santo. Vez ou outra esses sonhos me aparecem. Apesar de ser mais versado dentro da mitologia cristã, crença padrão da família, não vejo com “olhos demoníacos” como muitos pensam.
Ela veio cheia de afagos, carinhos e conselhos. Disse que ia estar comigo sempre que eu precisasse. Mas compreendo o que o sonho significa. Tem a ver com faltas da infância. De carinhos e incentivos que não tive. Passei o dia inteiro pensando nisso. Pensei tanto que tive um insight do nada.
Me vi indo ao passado. Me encontrando criança. Me abraçando. Me incentivando. Me dando a certeza que sempre estaria por perto quando precisasse. A prática não é nenhuma inovação. Há diversas terapias de diversas linhas que usam o exercício. E funciona.
Vi o documentário do Emicida ( AmarElo – É Tudo Pra Ontem – Netflix) e talvez essa figura ancestral afro-brasileira mística que me visitou em sonho veio de uma frase que é o fio condutor da produção: “Exu matou um pássaro ontem, com uma pedra que só jogou hoje”.
O ditado Iorubá é uma incrível mensagem carregada de inquietação, da urgência de se concertar os desencontros, injustiças e feridas do passado. Cada um com sua cruz, é possível voltar ao âmago das nossas dores passados com ações positivas no agora.
Acho que fiquei influenciado por essa ideia. E a senhora veio e me fez sentir conforto e segurança. Há dores que nem sabemos que existem. São tantas camadas que nem nos damos conta. Dar nomes a elas é o início de uma saída.
Acho…
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Não sei se as produções mais recentes dos Boogarins estão mais atraentes ou eu não dava muita importância mesmo. Sei que tenho ouvido cada vez mais as canções deles. Há um toque lo-fi psicodélico que bate bem nos meus ouvidos.
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Esse novo álbum da Marietta (antes, Massarock) é estranho no bom sentido. Música pop brasileira com timbres anos 80 sem deixar o dub de lado.
Bom, hein?