Ou “faça arte em forma de blog e mande a indexação padrão SEO do Google para melhores resultados nas buscas se f#$&@”
Cansaço. Loop trabalho-cama-trabalho. Forço a mente. Ela não obedece. Descansar um pouco para poder escrever. Exercitar a mente. Escrever onde? No blog.
As férias começam. Correram-se três dias de absoluto fazer nada. Pus em prática os métodos de meditação. A mente se aquieta. Daí emerge detalhes nunca pensados, simplificações que fazem sentido pôr em prática, um “cair em si” cheio de insights aparentemente óbvios, mas que se apagam na fervura do dia a dia.
Livrei-me da chuva de São Paulo. Deixei para trás todas as histórias. A Argentina vai com você, diria Dexter. “Não importa o nosso destino, levamos o estrago conosco”.
Mas nada é como antes. Não há magia. O vazio sombrio me acompanha. Tento sobreviver ao peso que é minha personalidade cunhada com pessoas críticas. É duro, me tira energias. Bahia é sinônimo de eu me sentir um nada. Lugares distantes, pessoas frias, apesar do calor. E tudo bem sentir isso.
Perceba o que te dói, acolha o que te dói, respire pelo o que te dói. Agradeça o que te dói, cresça com o que te dói.
A mensagem é simples, está bem na nossa frente. Basta subir em si mesmo e pegar a estrada da sua própria vida. Voltei a ser o que quero ser. E não preciso de um padrão. Ninguém precisa trilhar os mesmos passos, pisar nas mesmas pegadas.
Não quero ser Youtuber. Quero ser blogueiro craft. Explorar a antiga arte da escrita seminal e amadora da internet-do-povão-de- meu-deus. Voltar ao início dos 2000, nos tempos da web oldschool, do blog arte, moleque e despretensioso. A vida, as coisas que esbarram nela, as pessoas, as comidas.
Se ouvir vinil retornou com a força e a aderência de um monte de gente que está por dentro das tendências, por que não os blogs?
Um vídeo, dois, três, quem sabe? Posso fazer. Uma ressalva: videologs trazem consigo uma pressão desmedida por resultados. E mesmo que use o recurso, o lance é despirocar, sair dos padrões de edição da garotada descolada, exploradora de playgrounds, bonitinha, branquinha, azedinha.
Desapego, amigos. Nada melhor do que se entregar ao prazer de fazer por fazer, por gostar de verdade. Até (acho) criei um termo: “desenfluenciador“. O que não influencia. O que não é e não quer se preocupar em ser apto para levantar uma horda de pessoas que seguem e se orientam no que você faz.
Nada de pecúlios, fama ou sucesso. Claro, se der saldos, puta que pariu, que bom. Ganharia tranquilamente tubos de dinheiro sem sair de casa, criando conteúdos de cuecas. Por isso, uma promessa: pago cerveja para todo mundo assim que ganhar a primeira centena de dinheiros.
O velho e sapiente Confúcio mandou a letra tempos atrás: “Encontre um trabalho que você ama e nunca mais terá que trabalhar um dia em sua vida”. Perceba que ele fala em trabalho e na satisfação da coisa em si. Em nenhum momento cita o mergulho em dinheiro, como o Tio Patinhas.
Nada de SEO. Nada de negócios. A promessa é a diversão, não um salário polpudo. Ou arte nas redes sociais. Internet Poetry nas veias.
O escritor Kurt Vonnegut disse algo que sintetiza a minha iluminação quase mística: fazer qualquer tipo de arte – mesmo que o resultado seja ruim – faz crescer a alma, aumenta o bem estar.
Façamos arte, sejamos felizes, olhemos para o nosso próprio brilho.
O velho clichê ainda vale e é a coisa mais sábia que replicam neste mundo sujo: apenas seja você.
E o resto que se foda.